segunda-feira, 12 de maio de 2008

pra ana...

por um entedimento maior do que é amor e amizade...

terça-feira, 8 de abril de 2008

para Gal

tão lindo o último e-mail. desde que fui pra São Paulo e, depois do Carnaval no Rio, me sinto mais próxima.é que pra mim a distância é algo "difícil pra carái que só uma porra". mas tô aprendendo a lidar com isso, graças a vocês, minhas prósperas. sinto falta dessas conversas de coração aberto, sobre o mundo, a vida e as pessoas. do tipo que a gente tem no sofá da tua casinha, que é como coração de mãe, ou como você mesma lembrou...que tinha lá no Pertinho do Céu. porque não era só cerveja e pastelzinho, segunda ou quinta-feira sem lei, era muito isso de querer bem e confiar. ser feliz por ter os seus ao seu lado. espero por você, meu bancão.
tá mais perto do que longe!

terça-feira, 25 de março de 2008

segunda-feira, 17 de março de 2008

Não foi em vão

Recebi de uma amiga super-animada que adora definições, bem pessoais e criativas, que revelam a sensibilidade á flor da pele. Costumo dizer que ela e a irmã pensam em tudo. E o principal: pensam sempre com muito carinho na gente, no que é melhor pra vida amorosa e profissional, nas festas de aniversário e nos melhores presentes, em reunir os amigos para celebrar a vida.

Pois eis que esse final de semana ela me brinda com um grande presente, cheio de definições!

http://www.youtube.com/watch?v=r2sRdNLZx_g&feature=related

Anyone Else But You

eu nunca tive medo de ficar sozinha. sempre adorei quando as poucas pessoas da minha casa viajavam todas ao mesmo tempo. o ap só pra mim, a geladeira só pra mim, a tv grande só pra mim... depois de alguns anos, ficar sozinha sempre é sinônimo de uma retirada em bando, de um pedaço que não completa nunca e de um eterna ameaça de perda...

sexta-feira, 14 de março de 2008

sexta-feira

tudo ao mesmo tempo, preparar uma aula dupla sobre teoria do jornalismo, lendo, lendo, anotando, pesquisando, esforço pra ser honesta pelo menos. Dá um trabalho. Dos grandes, ainda mais porque tempo é velocista, 10:59, e em cinco minutos 11:37. E temos ainda tantos outros desejos!
De frente pra tela, o Google me leva à Universidade Beira do Interior em Portugal, especificamente para um texto que conta uma história tão coerente sobre a objetividade jornalística que me submeto a uma ginástica de edição e leitura dinâmica para tentar aprender algo sobre e passar adiante. A curiosidade pode nos salvar da mediocridade.

Enquando o que leio me leva para o jornalismo do século XIX, uma janela de alguém localizada em 13 de março de 2008 pisca um laranja chamativo e com licença seus teóricos deve ser algo importante. Aniversário da Wal amanhã e o que vamos fazer, alguém pergunta. Amanhã certamente vai ser melhor do que hoje à tarde, amanhã não vou precisar falar durante horas sobre algo que não domino.

Janela azulzinha no canto da tela, Helena sente saudades da Laurinha. Melhor do que toda essa seriedade da vida, é marcar cerveja gelada com chorinho, logo mais. Mais vale o encontro, não se percam de mim. Acordem-me, por favor, porque quando eu durmo o sono é ferrado.

Bolhas



Recebi de Mariana, meu chuchu, a Maricota, a dona da Casa da Vila. Como ela mesma gosta de dizer, minha amiga das maiores presepadas. Meu Bancão, próspera que nem eu, também deu sinal de vida. Um chacoalhão cheio de carinho, como só ela sabe dar. E já não me sinto tão só no meu lugar.

"Alguns autores são verdadeiramente geniais na hora de capturar
o frágil bater de asas do tempo. Lembro, por exemplo,
da obra-prima que é Espelho Quebrado, de Mercé Rodoreda.
O romance retrata sessenta ou setenta anos de vida de uma
família da burguesia catalã; no primeiro terço do livro, um dos personagens, ainda jovem e inocente, contempla a rua através
de uma janela e nota, de passagem, uma pequena imperfeição
na vidraça, uma bolha que deforma o vidro, mancha de açafrão
que faz essa janela adquirir realidade. Muitos anos e muitas
páginas depois, o mesmo personagem, tão envelhecido como
envilecido, torna a contemplar o mundo através de outra janela.
Mas eis que esse vidro tem também um defeito, uma pequena bolha,
que lembra ao protagonista alguma coisa que ele não sabe o que é.
Onde vira antes algo parecido?
Espreme a cabeça mas não conseguecaptar, por mais que a bolha de ar
lhe inquiete e o faça estremecer, evoque paraísos perdidos, promessas
traídas, felicidades estragadas. Ela é um mensageiro do passado e vem
carregada de dor e melancolia. E o mais grandioso, o mais maravilhoso,
o truque admirável dessa delicadeza prestidigitadora que foi Rodoreda,
é que o leitor sente a mesma coisa que seu personagem; também
rememora vagamente outra borbulha cristalina que havia aparecido
antes do romance e, embora não se lembre quando nem por quê, sente
que tenha a ver com um tempo de felicidade que agora terminou. Por
conseguinte, o leitor também experimenta a nostalgia infinita, a amarga
tristeza da perda."

Rosa Montero, em A Louca da Casa

quinta-feira, 13 de março de 2008

Eu acredito em poesia

Presente pra nós, Gal. Melhor falar em paraíso astral... ;-)

ÁRIES

"Eu sei que Marte te ajuda, companheiro.
Conheço bem de perto esse poder apaixonado,
a generosa força do teu signo de fogo.
Mas não confies demasiado. Cuidado contigo,
vejo um cansaço ao oeste do teu olho.
É preciso ter paciência com as vaidades verdes.
Escuta a canção do vento que inventa
o redemoinho nas palavras,
e quando o sol estiver a pino
evita as próprias palavras:
um autêntico Áries deve preferir não dizer
quando o dizer é confundir.
O sectarismo está cravando no teu sonho
os seus dentes de nácar,
e nem te dás conta.
Ademais, não são de nácar.

Não desanimes nunca, segue trabalhando
pelo reinado da claridão,
que, como sabes, ou precisas saber,
tem o gosto da vida
e a cor do sangue antes do amanhecer.

Tua luta te reserva grandes alegrias,
tanto mais belas porque repartidas,
e no começo do verão
resolverás definitivamente
teu grande problema secreto:
mas só se tiveres força
de olhar o sol de frente.


Pelo outono,
ligeiras perturbações cardiovasculares,
proporcionais ao medo
que circula em tuas artérias.

Os mais jovens,
ou os que ainda não perderam a juventude,
devem adiar sua noite de bodas
por umas poucas luas
e ganhar bem esse tempo
para aprender devagarinho
que o compartir não dói e te acrescenta
de uma força maior que a das estrelas.
Os Áries que já se casaram,
que tratem de levar o barco
por águas mansas,
sem fazer mal a ninguém.
Haverá um instante na primavera
no qual os varões de Marte
que ainda resguardam a infância
(cuidado que ela está agonizante no peito!)
estarão extremamente sensíveis
à beleza das mulheres em geral.
Nem todos sucumbirão.

No meio do último decanato,
chegará um sol cinzento com grandes ameaças
à pobre face deste lindo mundo nosso.
Mas não te alteres:
continua fazendo a tua partem
humilde e organizado,
na construção da alegria.

As mulheres morenas
devem acalmar o gênio,
e preferir
sobriamente
o sortilégio do quartzo rosado."

[Thiago de Mello, "Horóscopo para os que estão Vivos"]

e por falar em temosia...

lá vai um vídeo da semana.
esse é pra mim e pra caiê... q estamos quase entrando no inf...
melhor não completar, né.
mesmo q a gente não acredite nessas
coisas de signo... rs...

quarta-feira, 12 de março de 2008

Áries com ascendente em touro e a lua sei-lá-onde

Ele, o nerd: magrelo, alto, branco, um gênio da física. Ela, a garçonete-loira-sexy. Ela diz: "I'm a sagittarius... Which probably tells you more than you need to know". Com cara de templo budista, ele retruca: "Yes. It tells us that you are part of the mass cultural delusion that the sun's position relative to arbitrarily defined constellations at the time of your birth somehow affects your personality". Ela, atordoada: "part of what?!"

O diálogo é de um seriado de TV a cabo e dei gargalhadas quando vi - e via de regra, nas comédias, é justamente quando a gente se identifica que a gente ri mais. Eu, que sempre estive mais pra cdf que pra loira gostosona, também nunca fui de acreditar muito em astrologia (e afins). Uma descrição de áries nunca me coube. Aí me disseram que tinha o chinês. Não adiantou: cavalo também não batia. Depois descobri numa revista o meu signo "ascendente": touro. Até combinou mais. Mas me explicaram que era ali pelos 30 que o tal ascendente assumia a regência. Confuso, isso. Foi mais fácil continuar não acreditando.

Pois bem: com os 30 logo ali... Não dizem que áries é teimoso? Pois parece que estou cada vez mais ariana. E ando recebendo "trânsitos astrológicos" na minha caixa postal.

Vez por outra, até parece que agora eles funcionam. Então, resolvi aceitar o meu primeiro presente de aniversário esse ano: vou fazer um mapa-astral. Yo no creo en las brujas, pero... vai que elas existem!

segunda-feira, 3 de março de 2008

Missivas eletrônicas

Se a Gal gosta de listas, eu gosto de cartas. Elas é que me deixam mais calma, me ajudam a vislumbrar caminhos. Já fui nostálgica ao ponto de lamentar a falta das longas folhas pautadas, caligrafia caprichada, envelopes coloridos. Hoje acho email algo absolutamente imprescindível. Se as caixinhas digitais pré-moldadas parecem impessoais, paciência: a velocidade compensa. Estas missivas eletrônicas, hoje, são meu antídoto para a saudade: é o jeito de ter perto, todo dia (várias vezes ao dia), aqueles que me são essenciais. E o melhor é que podem ser coletivas. A gente espalha notícia (ou desabafo, ou sentimento) exatamente pra quem tem que saber, exatamente pra quem vai entender.

Uma listinha de emails coletivos deu origem a este blog - e a alma dele é assim, meio "epistolar". De uns dias pra cá vem surgindo outra destas listas na minha caixa postal. Também de pessoas muito queridas, que de repente se viram longe e resolveram burlar a distância. Domingo recebi cartas lindas nesta lista. Queria publicar todas, mas diz a etiqueta que correspondência alheia é inviolável. Então, reproduzo mais ou menos o que respondi.


"Moças bonitas,

Domingo é sempre, sempre um dia nostálgico. E com os emails de vocês... Passei uma semana super corrida, com viagem a trabalho no meio, e muito trabalho mesmo. Só hoje estou dando conta da "correspondência". E me deparo com essa troca de amor e de saudades, tão grandes. E fico um pouco triste e muito feliz.

Saudade, em mim, só cresce. Passei a vida toda sem lidar com ela de fato: aparecia sempre de forma pontual, rápida. De um tempo pra cá ela foi chegando e foi crescendo e foi ficando. E ficou. E me revira um pouco todo dia. Saudade hoje faz parte de mim. Só que isso deixou de ser ruim!

Não é ruim porque não é mais saudade de algo que deixei de ter. É (em grande parte) saudade de algo que também é parte do que sou eu: minha família, meus amigos, meus amores.

Nunca gostei muito de mudanças. Uma estranheza me acompanhou por muito tempo nos primeiros meses dessa nova etapa: uma espécie de ausência permanente, como se a minha vida (em Fortaleza) estivesse acontecendo sem mim... O email da Vanessa me fez lembrar um pouco essa sensação. Mas as coisas melhoram, muito, viu, Vanes? Aqui, aí, ou lá. Hoje minha vida acontece aqui: minha casa, meus novos hábitos, os novos e velhos amigos (uns perto, outros longe), os interurbanos, os emails orkuts e msns... Vibro com as notícias boas que vêm de longe, fico triste com as más, acompanho as coisas do jeito que dá. Um email me faz feliz, um telefonema mais ainda, uma visita me faz muito feliz.

A saudade, como eu disse, não passa. Mas não dói. Como diz a Mari, nada será como antes. Com tanto amor, amizade, bem-querer, fé e vibrações positivas, a gente pode esperar com convicção: será melhor!

Beijos com amor e saudades

Caiê"

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

lista de listas

eu adoooooooooooro listas, qualquer tipo... adoooooooooro!!! lista de supermecado, de filmes a ver na semana, de filmes a ver na vida (essa com direito a caderninho especial), de presentes para os meus sobrinhos, de afazeres da semana, de compras na 25 de março, de páginas dos livros que eu estou fichando, de livros a serem lidos, a serem comprados, dos meus sites favoritos (obviamente em ordem alfabética e divididos por assunto, o que inclui mais outras listas), das viagens a serem feitas, das contas do mês, das exposições a visitar, dos amores marcantes, das tristezas, dos melhores porres, das melhores amigas...
enfim, a - do - ro!!! pode ser de qualquer coisa, listas ocupam um lugar especial nessa minha vida ansiosa, nervosa e agoniada. e elas se proliferam: na parede ao lado do computador, na bolsinha de dinheiro, no bloco de anotações do mestrado, no celular... eu tenho até uma bolsinha própria para carregar o meu micro caderninho portátil de listas, para alguma emergência...
acho que de alguma forma listas me deixam mais calma, porque vem uma sensação de que estou no caminho certo ou pelo menos no início dele ou tentando estar nele. e depois, marcar os tracinhos com cor diferente me dá uma sensação de dever cumprido, o que dura bem pouco... logo vem outro papelzinho colorido e a vontade de listar de novo...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

o vídeo da semana

harder, better, faster, stronger and "foder"

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Lá em casa

O apartamento da minha mãe, mesmo a algumas centenas de quilômetros, ainda é "lá em casa". Lá onde o almoço sempre tem farofa. Lá onde os quadros que já passaram por tantas paredes são tão familiares. Lá onde as estantes têm livros meus, discos meus - e alguns que nem sei mais se são meus ou dela. Lá onde passam vendendo pamonha, onde os vizinhos da casa da frente botam cadeiras na calçada e mudam de lugar quando muda o lugar da sombra. Lá onde se ouve Elis, sempre, e sempre os debates da rádio universitária, onde o telefone cai na secretária porque ninguém atende, onde o tanque do carro nunca está na reserva. Lá onde a gente, instintivamente, toma cuidado ao sair do sofá, pra não pisar no rabo do Toy - que ele rosnava quando acontecia isso... E uma das únicas coisas que me deixou triste na última temporada em Fortaleza foi quando o porteiro perguntou: "para que apartamento a senhora vai?".

O lugar onde a gente dorme todos os dias, onde chegam as contas e os extratos bancários, onde estão guardadas as roupas que a gente usa diariamente e as compras do último supermercado nem sempre é "lá em casa". Já morei em três lugares no Rio. Os dois primeiros eram "o apartamento que aluguei", ou "o apartamento da Canning" ou, no máximo, "meu apartamento".

O terceiro me chegou com um janelão e palmeiras. Veio o sofá-cama de São Paulo. A mesa de azulejos garimpada na loja de usados. A geladeira que pode ser riscada. As divisões de contas, os planos para a decoração, o carinho e a cumplicidade nos fins dos dias com a amiga que está no quarto ao lado. A outra amiga que quase morou, quarenta dias. O manjericão que ela deixou. A Maria Bonomi na parede. As prósperas que pousaram no carnaval, a vizinha cearense do sorriso bonito, a receita cearense de feijão, a visita dos amigos. O porteiro de Sobral, o síndico-senhorio-rabugento com sotaque italiano. O quadro de fotos, os livros novos, as músicas em mp3. O grafite melancólico no quarteirão da frente, pintado dia desses. O Mar de Luz, o Mucuripe e a saudade à mostra na mesa de centro.

Agora lá em casa é aqui também.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

as marias!!!


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

A dor e a delícia

Saudade é um sentimento avesso a qualquer maniqueísmo. A mesma coisa eu digo daquele momento em que a saudade se anuncia com toda a sua força: a despedida. Já passei por algumas. Umas transitórias, outras definitivas; umas descaradamente explícitas e barulhentas, outras silenciosas e gradativas; umas para sempre, outras por agora, algumas dissimuladas - aquelas em que se diz "adeus" quando se pretende um "até logo" breve; ou aquelas em o "até logo" anuncia um reencontro que as cartas não prevêem. Mas em todas elas, mesmo as mais doídas, a gente chora um pouco feliz. Porque quanto mais a separação dói, mais felicidade teve ali. Acho que toda despedida que dói tem por trás alguma coisa que não passa nunca. Uma saudade enraizada de uma parte de nós que está mudando. Independente dos encontros, desencontros e reencontros.

Quero me despedir mil vezes ainda. Ou mil e uma.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

pequena contribuição #2


ah, inventem um nome pra ela...

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Saco sem fundo

Mesmo eu, no auge da alegria, me sinto ás vezes um pouco constrangida por realizar todos os meus desejos. Clarisse - me confundindo pra me esclarecer- diz que o nome disso é férias. A sorte é que é lei, não é? Nesse verão no Rio, porém, descobri que os desejos são como um saco sem fundo. Porque esse pode ser fruto de um instante avassalador. "Te quero, gato..." (essa é para Marília, lá em SP). Mas em sua maioria são sonhos antigos, daqueles tipos de querer que tomam você, muitas vezes só pra continuar sã diante de tanta realidade. Então, saciado um desejo, logo surge outro pra tomar o seu lugar. Como Macabéa, a goiabada-com-queijo, Olímpio e sua vontade de vomitar uma estrela de cinco pontas...

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

O mundo não é gay.

Sei que não é comportamento privilegiado de Fortaleza, mas se é ela que está na berlinda e é nela que me localizo agora, sobre que outra cidade eu poderia falar? Assim sendo: ontem teve show na Praia do Futuro, programação "despedida das férias" com Wanessa da Matta e O Rappa. Não me descabelo por nenhum dos dois, mas gosto de festas públicas, gratuitas: vejo poesia na multidão. Mas engana-se quem pensa ser livre nessa selva de preconceito. Senti raiva de ser mulher no meio desses cabra-machos com pecha de skinheads. Éramos um grupo de meninas presentes para ver o show mas em três situações na mesma noite passamos a ser "primas", "soldado", e ouvimos absurdos vindo de alguns caras. Nos xingaram de forma indireta e a cada pronunciamento mudavámos de lugar e de comportamento. Tensão. O que fazer diante disso: encarar e apanhar; pedir ajuda à polícia e ser mais humilhada; ligar pra assessora da prefeita e chorar? Das três, nenhuma. Engolimos um seco, o choro e o caroço da ceriguela (seriguela) verde do Dante.

Fortaleza


Nota no Ancelmo Goes de hoje me fez pensar.

"Quem é Narciso?
Na entrevista ao "Jornal do Commercio" de Recife, Evaldo Cabral de Mello, grande historiador que minimiza a importância da chegada da família real ao Brasil, disse que tanta festa é "produto a mais do narcisismo coletivo do carioca, que, acreditando-se o mais cosmopolita dos brasileiros, é, na verdade, o mais provinciano".
Só que...
Em matéria de narcisismo, o produtor cultural carioca, Ney Murce, do comitê da Associação Comercial do Rio que celebra os 200 anos, lembra que Evaldo é de Recife, "cidade onde a mania de grandeza é tanta que uma piada local diz que lá o Rio Beberibe se une ao Capibaribe para formar o Oceano Atlântico".
Por falar nisso...
Viva o Rio! Viva Pernambuco!"

Recife está no sangue (minha mãe certamente está entre os mais "patriotas" dos recifenses). Além da família, passei um ano por lá, bons amigos feitos. O Rio, que eu lembrava vagamente por causa das fotos no álbum de infância, é minha casa há um ano e pouco(e ainda não sei por quanto tempo...).

Daí é que posso dizer com uma certa propriedade que são, sim, o carioca e o recifense: narcisistas, graças a Deus.

O recifense tem demais do que se orgulhar. A ebulição cultural daquela cidade é singular. Recife tem uma identidade própria, pulsante, que está no sotaque, na arquitetura, na geografia, nas idéias, na música... E o Rio não é cartão-postal do Brasil à toa. Ao mesmo tempo em que sintetiza a identidade brasileira, tem algo que é cario-a-ca apenas. Que está no sotaque, na arquitetura, na geografia, nas idéias, na música... As duas cidades são percussão pura, se mostram na força da batida seja do samba, seja do maracatu.

Eu podia discorrer linhas sobre as semelhanças entre o carioca e o recifense (e a sua deliciosa arrogância). Mas apesar da verborragia desse texto até aqui, não era nada disso que eu queria falar. Era da irritante humildade fortalezense.

Um dia antes de ler o Ancelmo, li o Dante e senti o travo de cirigüela verde com o que ele disse. Disse o que a gente diz desde sempre nas rodas meio-intelectuais, meio-de-esquerda. Que nossa Miami tupiniquim venera o novo e por isso destrói suas tradições. Que a cidade vai crescendo com ares de shopping center - ou de Barra da Tijuca. Que se perdem os referenciais da história antiga e recente (e os órfãos do Cais Bar ainda a se lamentar nas mesas do Arlindo - que por sua vez já tem barraca de caipifrutas na calçada, em dia de samba).

Nosso amor-próprio é frágil. O fortalezense classe-média não anda na rua e reclama que não tem calçadas, que o sol queima o quengo, que a violência aterroriza. Não conhece a cidade. O Rio é conhecido mundialmente pelas balas perdidas e pelo verão 40 graus, mas o carioca vai a pé ao mercado, à praça, ao boteco. A rua é deles; a cidade é deles. O fortalezense vai ao carnaval de Pernambuco e volta com vestindo a bandeira de lá; ou veste as pedras portuguesas do calçadão de Copacabana. Talvez nem se lembre da (nada original) bandeira do estado e nem que se esforçasse muito conseguiria dizer dos ladrilhos atuais da Beira-Mar ou da Praia do Futuro (se é que ainda estão lá).

Se a gente sai (e a gente se espalha!), a cearensidade até quer falar alto. Aí a gente se mistura aos cabeça-chata de Guaraciaba, Tianguá, Hidrolândia e toda zona norte do estado, quando vem ao Rio; ou aos caririenses que migram pra Recife. Aí até somos cearenses com orgulho... Mas e Fortaleza?

Porque o carioca se orgulha de ser carioca - antes ainda que de ser fluminense - e veste o Cristo, os calçadões, o Pão de Açúcar, o rótulo do "bixcoito gloabo". O recifense até veste a bandeira do estado, mas canta os rios, pontes e overdrives, a urbanidade do Recife. Muito bem, certa vez já se cantou a aldê, aldeota... Mas se deu o carneiro, vão-se embora pro Rio de Janeiro (onde o repertório é outro).

Para ter as calçadas alargadas e as árvores fazendo sombra no caminho até a padaria; para ter botecos consagrados e consolidados; para salvar a Praia de Iracema da prostituição infantil; para que a nossa trilha-sonora urbano-sertaneja ganhe o mundo; para que os nossos times voltem (e fiquem) na primeirona; para que Fortaleza seja de fato bela... Não basta nova gestão na prefeitura, nem desapropriações nem canteiros nem dinheiro. O que a gente precisa mesmo é olhar no espelho e achar Narciso bonito.

PS - para ter orgulho ser fortalezense, e atiçar as saudades, uma das melhores receitas que eu conheço é ler o meu editor preferido, no opovo ou agora em livro também. Às vezes, também, a Periférica da Lelê.
PS2 - A foto é do Drawlio. Praça dos Leões, Fortaleza, Ceará.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Cabeça de cearense

Poderia ter sido no Montese. Numa bodega de esquina no Benfica. Na Praça do Ferreira. Numa pracinha lá no Quixadá. Na sinuca de Guaramiranga.

Mas foi numa ruazinha do Flamengo. Numa das esquinas da São Salvador. O balconista da lanchonete tentava chamar atenção de um colega:

- Ô cabeça de coité!!!

Eu e Helena, carregando sacolas de supermercado neste sábado preguiçoso de chuva, só rimos. A gente se sentiu em casa...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Outro carnaval

Nem no tranco tá pegando, esse tal de blog. Nas quatro paredes da lista de emails, ninguém poupa caracteres. Mas aqui... (Neguita, nem tu?)

O fato é que emails vão e vêm e o assunto é carnaval. Como nos anos 20, a gente vai se amontoar em colchões e colchonetes. E na quarta-feira de cinzas este será mais um dos nossos outros carnavais... Insisti, mas a velha Olinda ficou pro ano que vem. Daí que eu nem sair de casa vou: é aqui mesmo, no Rio. Agora, neste primeiro carnaval da década de 30, nem os nossos cabelos continuam os mesmos... Em dias de prosperidade, pode ser que a gente não brigue mais pelas moedinhas do troco do táxi. A idade pesa e talvez a gente beba um pouco menos (se bem que, no meu caso específico, parece que a tolerância etílica cresceu); talvez a gente durma um pouco mais. Nos anos 30 a seletividade também é maior - questão de foco! E se eu pudesse dar um conselho para o futuro, eu diria: "usem filtro solar!".


Dicas para um próspero carnaval - ctrlv ctrlc:

"é bom a gente fazer uma programação juntas pq eu já notei que: 1. os blocos não atrasam! a gente tem q chegar na hora pra "cuxxxxxxtir", 2. não vale a pena ficar se jogando de um lado pro outro da cidade pra pegar váaaarios blocos, pq perde tempo e dinheiro...o bom é pegar um bloco legal, que dê pra acompanhar e se jogar...se bem q aqui por perto vão ter vários, parece." Helena

"adorei a estratégia da gente focar nos blocos q queremos ir. pq aí a gente aproveita, mesmo, e não fica q nem um bando dedoida cansada correndo pra lá e pra cá!!! a gente já tem umacerta idade... rs..." Gal

"Multidão não é problema pra quem vai pra Olinda todo ano, a bem dizer....hahahahaha.Eu nunca fui pro Cordão do Bola Preta pq a cidade todinha vai e o tumulto é grande. Além disso, você tem que chegar 7h da manhã....e aí é putaria, né? Banda de Ipanema eu fui e fiquei parada num boteco e foi delícia!Mas pro Carmelitas e pro Simpatia eu acho que dá pra ir, sim" Helena

"Meu povo! para esses blocos lotados o segredo é chegar muito cedo. o cordão do bola preta é lindo exatamente por causa da multidão. vale demais ir pra ver e como é o primeiro do primeiro dia a paciência ainda está bem pacientezinha. a multidão desfilando na avenida rio-branco é um espetáculo. particularmente dos blocos lotados é o único imperdível exatamente porque é lotado! porque som mesmo, pelo menos quando eu fui, é quase um radim de pilha. mas mesmo assim é uma energia incrível! e eu não terei o prazer de ver isso! então vejam os horários, acordem cedo, vejam o movimento e se não rolar voltem pra casa pra dormir. o bom é que a equipe ainda será pequena, o que facilita o acesso.
ai jesus! quem quiser dormir dorme, mas eu vou soh cochilar!!!!" Nêga

"E não querem ir na Banda de Ipanema, não? Pra acompanhar é muito lotado, mas dá pra ficar num boteco lá pela Farme vendo o povo passar...rs....Ano passado a gente foi com o Adriano de Lavôr e morreu de rir!!!Eu só faço questão do Cordão do Boitatá!!!!!!! Tirando o sol na "mulêra", é só marchinhas, frevos, gente bonita, fantasiada e animada. Em pleno centro do Rio, que é um charme. " Helena

" - Caiê: tu jura jura jura que me leva no Fla x Flu? já se articulou com a ruma de homem com quem tu trabalha aí? "- E quem é que precisa de homem? Tu? Porque eu tô querendo prescindir. Vamo pro FlaxFlu má.... Vamo ver de Galguinha e Neném resolvem ficar pra ir junto...- tô um viado mesmo né? Merecida a resposta, merecida..." Caiê e Ana

"mas ó... me animei demais com a compra dos ingressos e meu sonho ficarpro flaXflu. em 2004, vi a final da taça guanabara e é de chorar!!! a torcidarubro negra cantando "poeira, poeira...", de ivetão... o tudo!!!" Gal

"eu topo é tudo, viu..." Gal

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Como se fosse sólido

Ontem eu fui dormir pensando em amizades, afetos, bem-querer, confiança. Fui dormir triste. Acordei hoje novamente (ou, talvez, ainda) pensando em amizade, afeto, bem-querer confiança. Acordei mais feliz.

Quando a gente conhece alguém, qualquer alguém, cria expectativas. A gente constrói esse alguém dentro da gente. Tijolo por tijolo. Alguns tijolos a gente coloca sozinha. Outros, o alguém vai ajudando a colocar. Alguns se encaixam perfeitamente, outros ficam meio fora de linha, atravessados. Mas a gente vai ajeitando. Quando se constrói alguém, às vezes, as paredes sobem rápido! Dentro da gente aquela construção toma corpo, vai se agigantando. Às vezes o porte é tão impressionante que a gente nem vê alguns ângulos não estão retos. Ou até vê, e nem se incomoda (a vida também tem agudos, obtusos e rasos, também tem paredes arredondadas. E há que se ter tolerância com elas; e há o momento de admirá-las).

Mas quando se conhece alguém, via de regra, é uma construção às avessas. Porque as paredes sobem primeiro, as fundações vêm depois. Elas precisam de mais tempo. Descem e se enraizam por baixo das paredes erguidas, depois delas. Dão base e força ao peso das paredes e do que virá sobre elas. Diferente das paredes, as fundações a gente não faz sozinha. Precisam que alguém construa junto. Enquanto isso não acontece, um vento mais forte derruba tudo. E alguém se desconstrói. Ou a gente desconstrói alguém. Basta um sopro que alguém sopre, ou a gente. Basta uma força involuntária qualquer. Basta só alguém querer, ou a gente.

Em alguns momentos, a gente se abre para construir amizades, afetos, bem-querer e confiança. Mas tem hora que se quer é uma construção sólida para se apoiar. Hora em que, mesmo que haja força ou vontade para para erguer paredes, falta tempo ou vontade para as fundações. E tem me parecido que, quanto mais o tempo passa, mais fácil é construir paredes. Já não digo o mesmo das fundações.

Fui dormir triste pelo que se desconstruiu. Acordei mais feliz. Por todo o bem-querer enraizado, bem fundado, que existe em mim. Meus amigos, meus amores, minha certeza, minha tranquilidade.