segunda-feira, 3 de março de 2008

Missivas eletrônicas

Se a Gal gosta de listas, eu gosto de cartas. Elas é que me deixam mais calma, me ajudam a vislumbrar caminhos. Já fui nostálgica ao ponto de lamentar a falta das longas folhas pautadas, caligrafia caprichada, envelopes coloridos. Hoje acho email algo absolutamente imprescindível. Se as caixinhas digitais pré-moldadas parecem impessoais, paciência: a velocidade compensa. Estas missivas eletrônicas, hoje, são meu antídoto para a saudade: é o jeito de ter perto, todo dia (várias vezes ao dia), aqueles que me são essenciais. E o melhor é que podem ser coletivas. A gente espalha notícia (ou desabafo, ou sentimento) exatamente pra quem tem que saber, exatamente pra quem vai entender.

Uma listinha de emails coletivos deu origem a este blog - e a alma dele é assim, meio "epistolar". De uns dias pra cá vem surgindo outra destas listas na minha caixa postal. Também de pessoas muito queridas, que de repente se viram longe e resolveram burlar a distância. Domingo recebi cartas lindas nesta lista. Queria publicar todas, mas diz a etiqueta que correspondência alheia é inviolável. Então, reproduzo mais ou menos o que respondi.


"Moças bonitas,

Domingo é sempre, sempre um dia nostálgico. E com os emails de vocês... Passei uma semana super corrida, com viagem a trabalho no meio, e muito trabalho mesmo. Só hoje estou dando conta da "correspondência". E me deparo com essa troca de amor e de saudades, tão grandes. E fico um pouco triste e muito feliz.

Saudade, em mim, só cresce. Passei a vida toda sem lidar com ela de fato: aparecia sempre de forma pontual, rápida. De um tempo pra cá ela foi chegando e foi crescendo e foi ficando. E ficou. E me revira um pouco todo dia. Saudade hoje faz parte de mim. Só que isso deixou de ser ruim!

Não é ruim porque não é mais saudade de algo que deixei de ter. É (em grande parte) saudade de algo que também é parte do que sou eu: minha família, meus amigos, meus amores.

Nunca gostei muito de mudanças. Uma estranheza me acompanhou por muito tempo nos primeiros meses dessa nova etapa: uma espécie de ausência permanente, como se a minha vida (em Fortaleza) estivesse acontecendo sem mim... O email da Vanessa me fez lembrar um pouco essa sensação. Mas as coisas melhoram, muito, viu, Vanes? Aqui, aí, ou lá. Hoje minha vida acontece aqui: minha casa, meus novos hábitos, os novos e velhos amigos (uns perto, outros longe), os interurbanos, os emails orkuts e msns... Vibro com as notícias boas que vêm de longe, fico triste com as más, acompanho as coisas do jeito que dá. Um email me faz feliz, um telefonema mais ainda, uma visita me faz muito feliz.

A saudade, como eu disse, não passa. Mas não dói. Como diz a Mari, nada será como antes. Com tanto amor, amizade, bem-querer, fé e vibrações positivas, a gente pode esperar com convicção: será melhor!

Beijos com amor e saudades

Caiê"

2 comentários:

Anônimo disse...

Maria,
Sábado passado fiz essa viagem no tempo e passei a manhã ‘ouvindo’ cartas.
Isso mesmo! Fizemos, na faculdade, um “recital de correspondências”: o Jardim de Epicuro.
Lá, cartas de Caio Fernando Abreu, Napoleão Bonaparte, Freud, Clarisse Lispector (que saudade de tu!), Fernando Sabino, dentre tantos outros, foram lidas.
A platéia também leu: teve carta de um pai para o filho que foi estudar na cidade grande, teve professora de direito penal chorando ao ler a carta do bisavô.
Depois de tudo isso, paramos para escrever nossas próprias cartas. Com envelopinhos verde e amarelo e tudo o mais!
Alunos de primeiro semestre, escrevendo (pasme!) a sua primeira carta. Outra, chorando compulsivamente enquanto escrevia a dela. Minha ‘chefa’, compartilhando seu papel de carta com a filha de dez anos. Lindo de se ver!
Acho que plantamos uma semente nesses moleques! Rs
Beijo enorme,
Deubia.

P.S. 1) Autorização para divulgação do meu nome concedida!
P.S. 2) PRÓSPERAS: amo vocês tudim! saudade!

Caiê disse...

Ô Gabriela, uma das coisas que ainda me falta aqui no Rio é alguém que me chame de Maria =) Adorei a idéia do "recital de correspondências". Quem sabe um dia a gente faz um. Mas não com as cartas do Olimpo (Caio Fernando, Clarice, Sabino...) mas com os nossos emails mesmo. Nostalgia pura... Numas férias dessas...